Em termos correntes, isto é, sem ter em conta os efeitos corrosivos da inflação, o salário ou vencimento médio dos trabalhadores portugueses (os assalariados a tempo inteiro em todos os setores da economia) aumentou entre o ano 2000 e 2017. Os valores referidos são brutos, não estão descontados dos impostos diretos e contribuições para os sistemas de saúde que se pagam, ou seja, não são valores líquidos, aqueles que efetivamente se recebem.
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Sem dúvida, independentemente de outras considerações, tal subida é motivo de satisfação. Que, no entanto, fica bastante abalada quando se compara o salário médio português com outros países da Zona Euro, citados pela OCDE. O nosso é dos mais baixos; o do Luxemburgo, por exemplo, é quase 4 vezes superior.
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Esclareça-se, ainda, que o montante do salário não é o mais significativo em si, o que verdadeiramente interessa é a quantidade de bens e serviços que com ele se pode adquirir, o que configura o seu valor real, que se obtém quando se limpam os efeitos da inflação. Neste caso é a tristeza, o salário real diminuiu; em 2017, o poder de compra dos trabalhadores assalariados foi inferior ao de 2000 em quase 700€.
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O que aconteceu apenas em Portugal e na Grécia, onde os trabalhadores perderam poder de compra. Em todos os outros países ganharam.
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Como é visível no gráfico acima - onde se plasmam as diferenças em valores absolutos, em € - e no gráfico abaixo, onde se registam as diferenças percentuais. Repare-se na Alemanha, um país, cujo governo é conhecido por exigir austeridade a todos os outros, mas no qual os salários reais aumentaram quase 14%.
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Finalmente, não se deve esquecer que estes são valores médios, ou seja, pode haver trabalhadores que não tiveram variação alguma, outros que até passaram a ganhar mais em termos reais e outros ainda cujas perdas terão sido maiores dos que as calculadas.
Cabe a cada um, se estiver interessado, avaliar do seu caso em particular, se está dentro da grande tendência revelada, o que terá acontecido à grande maioria, ou se a sua é uma situação diferente.