Pepe Escobar: Putin e Xi enterram a Pax Americana
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Uma das causas mais importantes para o atraso crescente do nosso país, devido a um crescimento económico anémico é o baixíssimo investimento que tem sido feito no país. Isto impediu a modernização do aparelho produtivo nacional e tem determinado o crescimento fundamentalmente de atividades de baixa produtividade, de baixo valor acrescentado e de baixos salários, de que são exemplos, o turismo, a hotelaria, o alojamento, a construção civil. O setor de alta tecnologia tem um peso muito reduzido em Portugal (quase quatro vezes menos que a média da UE).
Segundo o Eurostat, no período 2011-2022, o investimento total (FBCF) em Portugal correspondeu, em média, a 17,3% do PIB, quando a média na UE foi de 22,8%, na Estónia de 26,8%, na Letónia 22,5%, na Lituânia 20%, na Roménia 24,2%, na Eslováquia 21% do PIB. A falta de investimento privado em Portugal foi agravada pelo facto de as grandes empresas que dominam a economia portuguesa terem passado para o controlo de grandes grupos estrangeiros, através de privatizações ruinosas, os quais, ao invés de investirem em Portugal, transferem para o exterior os enormes lucros obtidos (ex. EDP, GALP, REN, Fidelidade, NOS, ALTICE, bancos, etc) a que se associaram, com o mesmo comportamento, grandes grupos ditos nacionais que criaram SGPS em países europeus de fiscalidade mais favorável ao Capital (ex. Jerónimo Martins) para reduzir os impostos pagos em Portugal.
Como consequência, segundo a AMECO (base de dados da Comissão Europeia) o stock de capital por empregado (meios de produção) em Portugal diminuiu, entre 2013 e 2022, de 124600€ para apenas 109800€ (-11,9%). Neste último ano (2022) correspondia apenas a 56,3% da média da UE (193800€) e a 49,6% da média dos países da Zona Euro (209800€) a que Portugal também pertence. Este baixíssimo investimento por trabalhador, para além de determinar uma baixa produtividade e baixo aumento da riqueza criada, associado a um baixíssimo custo da mão-de-obra (segundo o Eurostat, em 2008 correspondia a 56,5% do custo médio na UE e, em 2021, diminuiu para apenas 55%) determinou que as atividades económicas que mais se desenvolveram em Portugal fossem fundamentalmente atividades de média e baixa tecnologia e, consequentemente, de baixa produtividade, que o turismo, a hotelaria e a construção são os casos mais visíveis. Segundo um relatório divulgado em julho de 2022, pelo gabinete de estatísticas da UE, “Portugal é o país em que os setores de alta tecnologia menos representam (4,7%) no total do valor acrescentado pelas empresas de base industrial. A média comunitária ronda os 15%, embora a maior parte dos países fique abaixo dos dois dígitos, mas com a Bélgica (24,5%) e a França (18%) a deterem as maiores quotas”.
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