O comprimido da morte.
Na Holanda há quem não queira perder tempo, fizeste 70 anos, já estás aqui a mais, toma lá o raio do comprimido e não chateies mais. Não é dito assim? Pois não, a pílula convém ser adoçada e embelezada, senão quem a compra?
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Na Holanda há quem não queira perder tempo, fizeste 70 anos, já estás aqui a mais, toma lá o raio do comprimido e não chateies mais. Não é dito assim? Pois não, a pílula convém ser adoçada e embelezada, senão quem a compra?
O que traduzi é chocante.
A palavra ao socialista economista Attali, braço direito ou esquerdo de Mitterand, de Sarko, «criador» de Macron. Attali Sobre a eutanásia. É bom que se leia e se perceba muito bem do que se fala quando se fala da «boa morte», de liberdade, da dignidade na morte etc. Um assunto é o caso do espanhol Ramon, o resto está tudo pensado, há que tempos, por Attali. A Portugal tudo chega com atraso. Mas chega.
O único partido que a este respeito tem uma posição justa, clara e corajosa é o Partido Comunista Português. Confundir a posição deste partido com a direita é apenas de uma pobreza de argumentos sem interesse algum.
«A produção e a manutenção do consumidor são caras, mais caras do que a produção das próprias mercadorias. Os homens são produzidos por serviços que prestam uns aos outros, especialmente no campo da saúde, cuja produtividade económica não aumenta muito rapidamente. "
"A produtividade da produção de máquinas aumenta mais rapidamente que a produtividade relativa da produção de consumo. Esta contradição será superada por uma transformação do sistema de saúde e educação para a sua mercantilização e industrialização.»(p 265).
«Mas, para além dos 60/65 anos, o homem vive mais do que produz e é caro para a sociedade.»
«Acredito que na própria lógica da sociedade industrial, o objectivo não será prolongar a expectativa de vida, mas ter a certeza de que (...) o homem viva tão bem quanto possível, mas de forma a que as despesas de saúde serão tão pequenas quanto possível em termos de custos para a comunidade.(...) temos assim um novo critério de expectativa de vida: o do valor de um sistema de saúde, não uma função de prolongar a expectativa de vida, mas do número de anos sem doença e, particularmente, sem hospitalização.
De fato, do ponto de vista da sociedade, é preferível que a máquina humana pare abruptamente em vez de se deteriorar gradualmente. Isso fica perfeitamente claro se nos lembrarmos que dois terços dos gastos em saúde estão concentrados nos últimos anos de vida. Da mesma forma, cepticismo à parte, os gastos em saúde não chegariam a um terço do nível actual (175 mil milhões de francos em 1979) se todos morressem subitamente em acidentes de carro. Assim, é necessário reconhecer que a lógica não reside mais no aumento da expectativa de vida, da vida sem doença.»
mi
«(...) A eutanásia será um dos instrumentos essenciais do futuro das nossas sociedades.Numa lógica socialista, para começar, o problema é o seguinte: a lógica socialista é a liberdade e a liberdade fundamental é o suicídio; Como resultado, o direito ao suicídio directo ou indirecto é, portanto, um valor absoluto nesse tipo de sociedade. Numa sociedade capitalista, máquinas de matar, próteses que eliminam a vida quando é insuportável ou economicamente muito caro, irão emergir e serão uma prática comum. Portanto, penso que a eutanásia como um valor de liberdade ou uma mercadoria, será uma das regras da sociedade futura.» (Pp. 274-275).
Nota: Excertos de uma entrevista de Jacques Attali publicada por Michel Salomon no seu livro "l'Avenir de la Vie" (Edições Segher).
Acabar com a dor foi um tema central do acalorado debate que varreu o país nos dias recentes. Duas posições se contrapuseram: uma preconizando a eliminação da dor mas conservando a vida. A outra afirmando que para acabar com a dor era preciso terminar com a vida!
Prevaleceu a primeira, mas alguns signatários da segunda já prometeram voltar à carga...
Alguns países, 4 ou cinco, permitem a eutanásia / morte assistida; o seu exemplo é, pois, de elevado interesse. Deveria, julgo, ter sido usado pelos defensores do sim para reforçar a sua posição, como prova concreta da bondade do que defendiam. Mas não o fizeram, optaram antes por frases vistosas, mas somente palavras. Porquê?
Os exemplos concretos foram referidos por deputados do não, como reforço da sua recusa. E as suas afirmações não foram desmentidas pelos deputados do sim...
Quando sair este post já a votação na Assembleia terá ocorrido e até o Presidente já se terá pronunciado, se for chamado a fazê-lo. O objetivo aqui é apenas aportar conhecimento histórico a um tema que o tem, e nada bonito, por sinal.
"Sendo que a questão da Eutanásia deverá ser objecto de uma profunda reflexão.....
Ignorar precedentes históricos de como a legalização da eutanásia pode ser utilizada pelo Estado com resultados trágicos, e o exemplo especifico do holocausto, que demonstra o imenso perigo que conceder o direito ao Estado de assassinar seres humanos arbitrariamente representa para as liberdades individuais, é equivalente a ignorar uma das grandes lições da história do século XX. Foi este o século no qual o assassinato em massa das secções da população consideradas como sendo inferiores pelo regime do III Reich,
É um facto pouco conhecido que o holocausto e todo o programa de assassinato em massa recorrendo a processos e metodologias industriais começou com o Programa T4, um programa de eutanásia cuja função era acabar com a vida de pacientes com doenças terminais que eram considerados como um encargo excessivo para o Estado e para a sociedade.
Porém, mesmo sendo que o Programa T4 começou por visar somente pacientes com doenças terminais, muito rapidamente o programa foi expandido para visar outras secções da população que o Estado caracterizava como sendo deficientes, excedentes, etnicamente impuras e/ou socialmente indesejáveis. Existe um consenso entre os historiadores do III Reich que o Programa T4, o programa de eutanásia dos Nazis, a Acção T4, que concedeu ao programa uma legitimidade legislativa, assim como várias vertentes da utilização da psiquiatria pelo Regime Nazi, foram centrais no desenvolvimento do holocausto na sua totalidade.
Um poster Nazi sobre o Programa T4 afirma: “60.000 Reichsmark é quanto custa esta pessoa que sofre de um defeito hereditário à comunidade do Povo durante a sua vida. Concidadão, este é o seu dinheiro também. Leia ‘O Novo Povo’, a revista mensal do Gabinete de Política Racial do NSDAP.”"
Miguel Feio
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