1 - A violência doméstica é assunto importantíssimo. Urge acabar com ela, ponto. Mas não estará a ser usada como a árvore grossa para esconder a floresta dos fundamentos e outras manifestações da desigualdade que vitimiza as mulheres. Se assim for, como parece, é triste; como qualquer truque pode dar resultados imediatos aos promotores, mas não resolve o problema.
2 - É possível alcançar a igualdade da mulher em capitalismo? O capitalismo gera a desigualdade, é da sua natureza. Vai abrir uma exceção para as mulheres? Porquê? Quando ganha milhares de milhões com a desigualdade?
3 - Para medir o grau de igualdade arrolam a participação no governo, o número de deputadas, até a integração em conselhos de administração de empresas privadas. mas não a atividade sindical, o número de mulheres delegadas sindicais, membros da direção de sindicatos ou de comissões de trabalhadores. Porquê?
4 - Os obstáculos colocados à mulher na realização da maternidade o na amamentação de lactentes não fazem parte do cardápio da desigualdade que atinge a mulher?
5 - Ainda, avalia-se como indicador da igualdade o número de mulheres em administrações de empresas privadas. Se assim é, porque não estender a outras entidades privadas? Porque se deixa de fora a Igreja Católica? Pode-se falar seriamente de acabar com a desigualdade quando não se questionam as proibições dessa instituição que exige que se lhe reconheça um papel de destaque na sociedade? É possível aceitar que o sacerdócio continue a ser vedado às mulheres, assim como o acesso ao bispado ou ao papado?
6 - Finalmente, sem negar a importância do incremente da ação política da mulher, antes pelo contrário, deve precisar-se que, só por si, isso não significa melhor qualidade da política, como não faltam casos para o comprovar, infelizmente.